Regina não tinha vocação para cuidar da casa. Provavelmente, já nascera com o cromossomo X manco, que mais parecia um Y – era o que diziam por aí! Economista, objetiva, gostava de um pôquer e ainda batia uma bolinha aos finais de semana.
Só poderia casar com alguém que fosse o seu oposto, é claro. Aroldo preenchia quase todos os requisitos. Moço sensível, escritor, gostava de cozinhar e praticava ioga. Ações em alta!
Nas férias, ele ia para a praia com as crianças, e Regina, workaholic, ficava na cidade. Afinal, alguém tinha que colocar dinheiro para dentro de casa (é impressionante, até você fazer sucesso, escrever não é profissão, é passatempo).
Neste verão não fora diferente. Aroldo se dividia entre a praia e as panelas. Regina, entre o asfalto e a bolsa de valores (enfim, algo feminino, uma bolsa!).
– Índices despencando! Temperatura subindo! – disse ao colega. – Que tal um chopinho no Apolinário? Ainda temos a desculpa da Oficina de Crônicas do Rubem Penz. Vamos? (fazia duas semanas que as aulas haviam acabado, mas era uma boa desculpa).
Ela se divertia com seu novo colega de trabalho: totalmente másculo, com uma inteligência robusta! Fazia jus ao título de homem (e, cá entre nós, inteligência é afrodisíaco). Estava hipnotizada naqueles óculos de grau, fundos! Eis que toca o telefone:
– Alô! Oi Maria Alice! (…) Que barulho é esse? Nada, estou na Oficina de Crônicas. (…) Você escutou na Band News que já acabou? Pois é. Ele abriu nova turma para fevereiro e eu decidi continuar. (…) Como? Já é quase meia-noite? (…) Bem. Ehhh… Ficamos aqui para confraternizar, trocar ideias e experiências. (…) Sim, experiências. Afinal, somos um grupo heterogêneo. (…) Não, só tem um homem no grupo, o Rubem, o resto são mulheres de meia idade, casadas e com filhos, como eu! (…) Um perigo? Por quê? (…) Mulheres de meia idade estão com os hormônios a flor da pele? Calor da menopausa? Sogrinha querida. Estou longe de estar na menopausa e afinal, sou muito bem casada com o seu filho: Aroldo! (…) Como? O Aroldo é um frouxo? (…) Não tem pulso para manter uma mulher como eu? Sim, na verdade eu é que mantenho o Aroldo, como a senhora bem sabe. Se não fosse por mim, ele ainda estaria morando com a senhora. Não é mesmo? (…) Claro! Somos sim! Mulheres! E podemos contar com a discrição uma da outra! (…) Eu entendo! (…) Também, Maria Alice! Fico muito feliz de você estar na minha vida. (…) “Com Deus”, viu! Beijos.
– Ufa! Essa foi por pouco. – prosseguiu Regina, voltando-se para o tal colega. Tentou lembrar onde haviam parado. Por trás daqueles óculos, complacente com a situação, ele afirmou que a entendia, afinal também sofria desse mal, era casado.
Regina, espantada com a revelação, ficou roxa! De raiva! Como assim ele era casado? Ela não tinha o habito de sair com homens casados. Estupefata, chegou a triste conclusão – os homens são todos iguais. Chamou o garçom, com toda a pompa que lhe cabia, pediu a conta e, com convicção, arrematou:
Adorei, quando dei por mim, já não me via mais no meu quarto e também não te via ali na historia, eu estava totalmente envolvida com aqueles três personagens tão cheios de vida e amores. Amei, acho que teus leitores querem mais!
Claudia Tajes (Livro Transbordei)
Transbordei é título de romance e também uma tradução da própria autora, que se transborda em palavras, frases e histórias pelos capítulos deste livro. Ideias transbordando a cada página, para sorte dos leitores.
Rubem Penz (Livro Transbordei)
Com doçura, Cris Lavratti nos oferece um toque de magia: nessa narrativa, as personagens se erguem das páginas e surgem para nós como que em 3D, inteiras, com muita verdade. Transbordantes.
Só acredito nos personagens que dançam, na pista literal ou na deslizante metáfora... Você vai se sentir na pista do bar Ocidente, clássico de POA, ouvindo a trilha da sua adolescência e prestes a engatar um amor do tipo coração selvagem
Três amigos, destinos diferentes, caminhos que se cruzam. O livro fala das angústias da solteira de 30 e poucos anos, do sedutor que não consegue amar e da casada em crise. Dramas comuns que emocionam. Pra ler em uma sentada, rir e identificar-se
Laura Rangel (Livro Transbordei)
Transbordei de satisfação. O livro é leve e solto, sem dramatismos, nem densidades exageradas. Com realismo e a leveza de uma escrita enxuta, a autora nos apresenta uma história de amor entre mulheres bem atuais e bem resolvidas.
Lu Ruas (Livro Transbordei)
TRANSBORDEI é uma história do cotidiano de três amigos. Cris escreve sobre a jornada deles de uma maneira simples e informal, com personagens verdadeiros. É fácil se identificar com cada dificuldade e conquista.
Juliana Della Giustina (Livro Transbordei)
Acabo de ler e AMEI, parece que me dei um recreio, intervalo de escola. Ficou um gostinho de quero mais, tô sentindo falta das gurias, elas são daqui, dançam lá no Ocidente, tomam café na Barbi e chimarrão... Quando vai ficar pronto o próximo?
Fernando Aguzzoli - O neto
Nunca fui fã de crônicas, mas um entusiasta das palavras. Depois de ler as crônicas da Cris, percebi que na verdade gosto e as vivo, apenas não sabia como denomina-las. A Cris tem essa facilidade: traduz nossas vidas com simplicidade e atitude.
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